Alguns acreditam que esta mulher era Maria Madalena (e é mesmo possível que tenha sido ela), outros, não. Mas o mais importante é que este relato maravilhoso chegou até nós como um grande exemplo da maneira como o Senhor Jesus queria que o povo interpretasse os regulamentos divinos.
A mulher apanhada em "flagrante adultério" estava condenada à execução pública, conforme determinava a lei civil em vigor (cf. Lev. 20:10; Deut. 22:22). Para as pessoas que a haviam trazido à presença de Jesus, ela deveria sair dali direto para o portão da cidade, para ser apedrejada até à morte, sem qualquer "pingo" de misericórdia. Se isto não ocorresse, e Jesus fizesse uma interpretação contrária à Lei (ou seja, não "chamasse o pecado pelo nome"), então 2 sairiam dali condenados.
A resposta de Jesus foi inimaginável ("ilógica"): Podem atirar as pedras, conforme está escrito na Lei, mas somente os que estiverem "sem pecado" é que têm autoridade para fazer isso.
Onde está a "falta de lógica" divina?
Este relato do NT é clássico para nos mostrar claramente como nossa visão cruel e vingativa está frontalmente em contraste com a visão misericordiosa e paciente de Deus. Pela Lei (pela "lógica", pelo "Manual") a mulher deveria ser apedrejada sem dó nem piedade, mas o Senhor Jesus sabia muito bem o que estava "por trás" daquele aparente zelo pela santidade da Lei. Aqueles "irmãos zelosos" ali estavam com a certeza de que não haveria outra saída daquela situação, senão o cumprimento cabal e urgente da lei que fora transgredida. Para eles, só haveria uma resposta de Jesus que pudesse demonstrar que Ele era mesmo um fiel cumpridor da Lei e dos Profetas. Será?!
O que podemos aprender de tudo isso?
Quero reafirmar, para evitar possíveis distorções do que estou escrevendo aqui, que não sou contra a prática da disciplina eclesiástica. Ela é importante e essencial para manter a ordem na Igreja de Deus, e evitar que o rebanho se disperse por caminhos tortuosos.
Porém, o que posso ver na Bíblia é que o Senhor Deus Se preocupa mais com as pessoas do que com os pecados que estas pessoas cometeram. Nos três exemplos acima citados, todos sofreram a punição merecida pelos seus atos, porém de forma um pouco diferente daquela que a "lógica" determinava para a questão.
Além do pecado, e acima dele, o Senhor olha para o pecador como alguém a ser resgatado, e não como um lixo humano que merece ser descartado. Se nós, que muitas vezes queremos ser tão zelosos no cumprimento dos "regulamentos eclesiásticos", nos preocupássemos mais em entender o irmão faltoso, e procurar ajudá-lo a se reerguer e continuar na jornada, tenho certeza que estaríamos cumprindo com toda plenitude o que o nosso maravilhoso Deus de Amor e Misericórdia deseja ver em nossos relacionamentos fraternais.
Para muitos de nós, Deus é só JUSTIÇA e CONDENAÇÃO, e talvez por isso tenhamos tanta dificuldade em vê-Lo como AMOR, MISERICÓRDIA, GRAÇA e PERDÃO LIBERTADOR.
Da próxima vez que a "lógica" mandar você levantar sua mão de condenação sobre um "irmão" que caiu no erro, antes de fazer isso aja com "ilógica", e abra os braços para acolhê-lo, orar com ele, chorarem juntos, e assim você servirá de instrumento para levantar um alma caída.
Quem sabe algum dia você precise que alguém também seja "ilógico" com você...
"Porque os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os Meus caminhos, diz o SENHOR" - Isaías 55:8